A Sombra e as aventuras de Pi

domingo, 4 de maio de 2014 0 comentários
Oieee! Olha só quem está deixando a preguiça de lado e voltando a escrever com mais frequência por aqui? :D

A postagem de hoje, como o próprio título orienta, é sobre a ligação entre a Sombra e o filme "As Aventuras de Pi" (Life of Pi, 2012). Acabei de assisti-lo, e fiquei com aquele nó bom na garganta, com as ideias se conectando, pulando, prontas para se materializarem em palavras. Logo, aqui estou para fazer a vontade delas. :)

Antes de qualquer coisa, gostaria de lembrá-los e deixar bem claro que não tenho pretensão alguma de fazer críticas cinematográficas e muito menos de resumir o filme. Só vou deixando minhas ideias e meus sentimentos fluírem da maneira que vierem mesmo.
Todas as "análises" que eu faço de alguns filmes aqui no blog são simplesmente minhas impressões e projeções pessoais, nada além disso, ok? ;)

Mas voltando à temática da postagem, sempre que assisto algum filme assim, esporadicamente, é um processo muito intuitivo, porque acabo assistindo aos filmes certos nos momentos em que mais preciso. Que bruxaria é essa? Eu não sei, só sei que é assim. U.U

E "Life of Pi" veio em um momento em que estou lendo o livro "O Efeito Sombra", de Deepak Chopra, Marianne Williamson e da minha amada diva Debbie Ford. Não sei se vocês já ouviram falar sobre esse assunto, mas a Sombra é muito mencionada e discutida no meio psicológico, principalmente na Psicologia Analítica com Jung (corrijam-me se eu estiver falando alguma besteira, por favor). Me atentando ao conceito dado no livro: 
Nossa sombra é feita de pensamentos, emoções e impulsos que julgamos excessivamente dolorosos, constrangedores ou desagradáveis de aceitar. Portanto, em vez de lidar com eles, nós os reprimimos - e o lacramos em alguma parte da nossa psique, para que não seja preciso sentir o peso e a vergonha que carregamos por conta deles. (Debbie Ford)
Aí, vocês devem estar se perguntando: o que isso tudo tem a ver com o filme?
Bom, acho que as aventuras de Pi vem nos trazer uma reflexão muito, muito profunda sobre a esperança, a fé e a força do Deus que habita dentro e fora de nós. Além disso, há um confronto muito intenso com tudo o que se é, com sua sobrevivência e com os seus fantasmas. Quantas pessoas estão disposta a olhar e se aproximar de todos os tigres que há dentro de delas?
Passando para o plano metafórico, no fundo o filme ilustra um combate tenso frequente com nossos monstros internos, com nossa sombra e tudo aquilo que rejeitamos, mas que é parte legítima de do que somos. O que Pi Patel nos ensina é que precisamos ter com coragem para nos abraçar por inteiro. E é isso que ele faz: Pi se vê cara a cara com o seu maior monstro e o adestra, o abraça, aprende a amá-lo e passa a tê-lo como seu maior aliado na luta pela sobrevivência. E é exatamente isso que nós temos que fazer com a nossa Sombra, com a parte que rejeitamos dentro de nós.

Há uma cena simplesmente fabulosa (além de tantas outras), em que numa noite estrelada Pi tenta conversar com o tigre e pergunta para ele o que tanto observa. Logo em seguida, o garoto se encara no reflexo da água. Ao olhar para a escuridão e para a imensidão do mar real e do mar de si, a mágica acontece, e Pi encontra todas as suas belezas escondidas, as memórias mais bonitas e também suas tristezas e suas grandes perdas. Mas o que ele mais vê é luz, luzes cintilantes repletas de formas e significados. Acho que é assim quando a gente olha pro fundo de nossa Sombra com legitimidade: a gente vê um mar de cores, de formas, um mar de luz tão incrível que nem sabíamos que podia existir.

Outra cena lindíssima é quando Pi, após mais uma tempestade furiosa, se vê em frangalhos junto com o tigre no barco. Então, ele vence seu medo e o toca: ele senta no bote e coloca a cabeça do tigre em seu colo e o protege com o seu amor e com sua compaixão. Acho que essa é a maior lição que podemos tirar em se tratando de todos os aspectos que guardamos em nossa Sombra. Acho que esse gesto é o sinal mais puro de que estamos começando a nos aceitar se assim fizermos com nossa parte sombria e com os nossos sentimentos: acarinhá-los, ouvir todas as histórias que eles têm a nos contar e abraçá-los com todo o amor que nutrimos em nossa alma.

Em um determinado momento do enredo, o cenário marítimo é substituído por uma ilha carnívora, que possui forma humana (parece um humano deitado). O que a ilha fornecia de suprimentos e energia vital durante o dia, de noite ela os retirava.

É engraçado pensar num homem preso em uma ilha com forma humana. Como mais uma metáfora, podemos pensar em todos os nossos venenos externos que acabam sufocando o verdadeiro ser luminoso que está nas profundezas de nós (que a psicologia nomearia de Self). Sendo assim, acabamos por matá-lo com toda a acidez da nossa falta de verdade e de sensibilidade ao olhar pro fundo do que somos; ao não tratar com justiça, paciência e equilíbrio os nossos sentimentos e a nossa mente.

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Enfim, assistam ao filme, leiam o livro e percebam se minha dose de alucinógenos não foi muito exagerada. Ahahá! ;) Acho que sem dúvida alguma o Oscar do ano passado por melhor efeito especial foi merecidíssimo. Foi um dos pontos que mais me fez ficar com a boca escancarada de espanto bom.

Há um outro aspecto que também me tocou muito no filme. Mas esse vai ficar para uma próxima postagem. :)

Boa noite, tchucos! Ótima semana pra todo mundo! =**

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